Métodos de ensino
Se a questão é ensinar e valorizar quem aprende, vale tudo? Em certos casos, sim. Contaram-me há muito tempo que, em alguns países africanos, quando a SIDA começou a matar a sério, uma ONG distribuía preservativos gratuitamente pelas povoações que ficavam no meio do mato para, pouco depois, concluir que aqueles não tinham sido usados, porque os autóctones desconheciam para que serviam e não tinham ideia sequer de como os pôr. Numa iniciativa bastante arrojada, decidiram então na ONG fazer um filme realista com actores negros – que seria considerado pornográfico se não tivesse fins pedagógicos – em que um casal fingia fazer de tudo depois de colocar o preservativo (e também mostrava, logo a abrir, a sua colocação adequada); uma carrinha andava por essa África fora a convidar gente para ir ver o filme – e, se alguns saíam de lá excitados e direitinhos às namoradas, pelo menos estariam mais informados sobre os riscos que corriam se não se protegessem. Pois bem, há métodos para tudo e, no Facebook do escritor e crítico literário José Riço Direitinho, encontrei, partilhado de um site de um designer gráfico, um alfabeto bastante criativo inventado ao tempo de Estaline com o objectivo de combater o analfabetismo adulto (mas não creio que o ditador tenha tido conhecimento dele). Desenvolvidas nos anos 1930, as letras inspiram-se em posições sexuais várias, algumas das quais remetem para figuras míticas, entre elas a do centauro. Há pares, trios e conjuntos que dariam umas mini-orgias alfabéticas e, na letra i, a pinta é nada mais nada menos do que uma pilinha com asas (tipo drone) virada à boca de uma mulher de pé... Chocados? Acho que não. Enfim, não sei se alguém aprendeu a ler com este incentivo, mas aí vai um V de vagina bem ilustrativo do que pode ser a alfabetização de adultos em tempos de repressão e purgas...