Muito bom... ou talvez não
O jornal Expresso publicou a notícia de que as vendas de livros tinham aumentado significativamente em 2022 por causa dos jovens, sim, aqueles de quem habitualmente dizemos que não lêem. Pelos vistos, o fenómeno chamado BookTok, que é basicamente composto por uma espécie de comunidade de influencers que incitam os seus milhares de seguidores à leitura de livros numa plataforma chamada TikTok, frequentada maioritariamente por gente nova, fez aumentar as vendas e até obrigar à reedição e publicação de uns quantos títulos. Assim às primeiras, são, claro, boas notícias, se pensarmos que as redes sociais (mesmo as dos adultos) raramente têm servido de estímulo à cultura, sendo acima de tudo espaços onde as pessoas opinam sobre tudo, com ou sem conhecimentos, e até destratam, odeiam, criticam e magoam os outros. Porém, quando, todos contentes, vamos espiolhar os livros promovidos pelos tais «BookTokistas», enfim, a qualidade geral não abunda. E, embora uma professora de Português afirme que o importante é que os jovens leiam, não importa o quê, desde que se identifiquem, já eu torço o nariz, pois tenho demasiada experiência para saber que quem se vicia em maus livros quase nunca consegue mudar para os bons... Por isso, serão evidentemente boas notícias em termos de receita para as editoras, mas espero sinceramente que, com esse aumento inesperado dos lucros, possamos continuar a fazer os livros que não passam pelo TikTok mas são realmente os que interessam para mudar mentalidades e contribuir para uma boa formação em todos os sentidos.