Não ler
A percentagem de leitores que lêem por prazer nos Estados Unidos não cessa de cair desde 2004, segundo um artigo publicado recentemente no Washington Post e assinado por Christopher Ingraham. Caiu, durante estes anos, 30%... e em todos os intervalos etários; a descida menos acentuada foi nos leitores entre os 15 e os 24 anos, mas, entre estes, muitos ainda nem criaram hábitos de leitura, andam a experimentar. Por outro lado, a queda mais significativa é entre os leitores do sexo masculino – 40% –, enquanto entre as mulheres leitoras a queda é de 29%. O problema é que as coisas estão a acontecer demasiado depressa: em 1982 eram 57% as pessoas que tinham lido pelo menos um romance, um poema, um conto ou uma peça de teatro no ano anterior, mas em 2015 já eram apenas 43%... Por toda a parte a mesma coisa, o audiovisual a ganhar ao texto, o smartphone e a Netflix a ganharem ao livro. Como já referiu um dos Extraordinários um destes dias, um artigo recente do El Pais relata que, dos livros colocados nas livrarias espanholas, cerca de 40% são devolvidos às editoras… E um dos editores entrevistados diz que de um autor menos conhecido já só imprime 1500 exemplares (o que em Portugal – que tem um mercado insignificante comparado com o espanhol e pouco exporta para a América latina – corresponderia, sei lá, a 250 exemplares?). O desânimo é grande. A ver se o curo nas férias, que se aproximam a olhos vistos, a remar contra a corrente: lendo, claro.