O balanço das mortes
O final do ano é sempre época de balanço – e os nossos jornais fazem por publicar as listas do que de melhor houve em termos de livros, filmes, álbuns de música, peças de teatro e exposições. E, logo que o novo ano se inicia, afadigam-se então quase sempre os mesmos jornalistas a anunciar as novidades que estarão em lojas, museus e salas de espectáculos durante o primeiro trimestre. Este mês de Janeiro, porém, houve um jornalista (Nuno Pacheco, do jornal Público) que fez um artigo contra a corrente e, quiçá «aproveitando» a partida de Mário Soares, escreveu sobre várias outras despedidas – ou seja, fez o balanço das mortes de artistas e outras personalidades que ocorreram em 2016, deixando-nos a todos mais pobres. Foi, como ele disse, um ano muito duro – e só na parte que mais toca este blogue, a dos livros, os óbitos foram muitos. Morreram autores de diversas áreas: Alvin Toffler, o autor do profético A Terceira Vaga (lembro-me bem do sucesso deste livro) e Elie Wiesel, o activista judeu que sobreviveu aos campos de concentração e acabaria por receber o Nobel da Paz; outros dois escritores que tiveram o mesmo galardão, mas na Literatura: o italiano Dario Fo e o húngaro Imre Kertész; a senhora que escreveu Não Matem a Cotovia, Harper Lee; o grandíssimo Umberto Eco, escritor plural; uma das três Marias, Isabel Barreno; o poeta brasileiro Ferreira Gullar, vencedor do Prémio Camões em 2010; Michel Tournier, autor de, por exemplo, Sexta-Feira ou a Vida Selvagem; o autor da famosa peça Quem Tem Medo de Virgina Woolf, Edward Albee; Lars Gustafsson, que escreveu o belíssimo A Morte de Um Apicultor; e mais meia dúzia de pessoas que se dedicaram à escrita em vários países do mundo. Ufa! Espero que 2017 não nos leve tantos.