O bom regresso
Havia muita gente a perguntar-se por que diabo não estava já reunida em colecção própria publicada por uma editora a obra da grande escritora Maria Judite de Carvalho (1921-1998), que está longe de ser apenas a autora de Tanta Gente, Mariana, talvez a sua obra mais emblemática e lida, e ainda mais longe de ser apenas a mulher do escritor Urbano Tavares Rodrigues, embora a sua discrição a tenha feito viver sempre um pouco à sombra do marido (mas muitos dos críticos consideram-na mais talentosa do que Urbano). Há uns anos pareceu que a Babel iria dar conta do recado, mas não deu (nem desse, nem de muitos outros – a obra de Agustina, por exemplo), e a Minotauro, do Grupo Almedina, deitou agora a mão ao projecto e já lançou o primeiro volume, que reúne, além do livro de contos que já referi, As Palavras Poupadas, de 1961, colectânea que ganhou o Prémio Camilo Castelo Branco. Vão seguir-se, segundo o anúncio da Minotauro, outros cinco volumes, todos eles com capas que reproduzem pinturas de Maria Judite de Carvalho que, além de escrever, também era uma artista exímia com o pincel (no volume lançado, reconheço na capa a sua filha Isabel, que também escreveu obras de ficção). Portanto, vamos poder ler de fio a pavio a obra de Maria Judite de Carvalho e devemos fazer vénia à editora que se atirou à empresa. Agora, já não há razão para não ler esta enorme escritora.