O da Joana
O da Joana é um pequeno livro de Valério Romão, autor que é considerado pela crítica um dos mais promissores ficcionistas da actualidade e esteve presente já por duas vezes na revista Granta com textos de sua autoria. Mas a expressão «o da Joana» ou «Isto não é o da Joana» é, segundo leio recentemente na Revista do Expresso, uma expressão bastante antiga, normalmente aplicada a um lugar terrivelmente desarrumado ou a um comportamento desajustado ou, por assim dizer, indecoroso. Pois parece que a dita expressão está ligada a Joana de Nápoles (Joana I, condessa da Provença) que, acusada de conspiração com vista à morte do marido, se terá refugiado depois em Avignon, cidade papal, no século XIV. Aí terá aprovado um decreto que regulamentava os bordéis, do qual fazia parte a colocação de uma porta bem visível por onde todos pudessem entrar e sair (e deviam entrar e sair muitos, gerando confusão). Esses bordéis ficaram então conhecidos como «paços da mãe Joana», dando mais tarde origem a «casas da Joana», ou simplesmente, «os da Joana» e, por isso, apesar de se ter perdido a conotação sexual, não se perdeu a de sítio onde há confusão e mau-comportamento. Para que saibam, o livro de Valério Romão nada tem que ver com esta história – embora aproveite a graça da expressão – mas com uma Joana grávida a quem acontece um terrível percalço. É o segundo volume da trilogia «Paternidades Falhadas», iniciada com Autismo, muito aplaudido pelos críticos.