O desassossegado
Os livros provocam grandes paixões que ficam para sempre (ao contrário das paixões por homens e mulheres, que são normalmente temporárias, dando origem a decepções ou um amor mais tranquilo). Em Oslo, um leitor apaixonou-se de tal forma por um livro que considera o melhor do mundo que decidiu, mesmo que apenas por alguns dias, abrir no centro uma livraria chamada Bookstore of Intranquility e chamar a atenção para a sua enorme paixão, vendendo apenas... O Livro do Desassossego, de Bernardo Soares. Christian Kjelstup, assim se chama o desassossegado-mor da Noruega, colocou centenas de exemplares da tradução do pessoano livro por todo o lado, escreveu o título em letras garrafais na montra e organizou, logo na noite da abertura, um serão à volta de Pessoa que, pelo que se sabe, foi bastante concorrido. Convidou um guitarrista português ali emigrado para abrilhantar o serão e para tudo contou com o apoio da Embaixada de Portugal, que deu o evento por bem-sucedido, pois teve direito a uma reportagem sobre o senhor Pessoa num dos canais televisivos com maior audiência. Kjelstup espera que deste modo muitos outros leiam o livro que ama. E nós, à distância, ficamos-lhe gratos.