O divino escritor
No passado dia 14 comemoraram-se 700 anos sobre a morte do grande poeta Dante Alighieri, o autor de A Divina Comédia e, simultaneamente, o primeiro escritor a usar o «italiano» como língua literária. Vasco Graça Moura traduziu o «calhamaço» que está, de resto, publicado na Quetzal; e fê-lo em verso, respeitando a rima, o que ainda é mais difícil. É talvez por isso um pouco difícil de seguir, pois não é exactamente uma tradução, mas uma criação poética a partir do original (e, por vezes, as paráfrases resultam um pouco arrevezadas no intuito de se salvar a métrica e a harmonia musical). Mais clara é uma tradução recente feita em Espanha, embora não em verso, por José-María Micó (que, além de ser um excelente tradutor e poeta, toca muito bem guitarra e acompanha a sua mulher, Marta, que canta). Trata-se de uma tradução quiçá menos «criativa» do que a de Graça Moura, mas fundamental para os que conhecem mal a história daquele período (em Florença, sobretudo), porque inclui anotações preciosas. Ambas as traduções são bilingues e, de certa forma, complementares para quem queira conhecer a Divina Comédia. Já para quem queira conhecer o seu autor, o Dante que é também o narrador e a personagem da Comédia, aquele que visita o Inferno, o Purgatório e o Paraíso guiado por Virgílio, o autor da Eneida, saiu agorinha pela mesma Quetzal uma biografia exaustiva da autoria de Alessandro Barbero intitulada Dante: Uma Vida, que conta de fio a pavio a existência deste homem genial marcado pelo exílio, pela escrita e pelo amor. Não vamos poder perdê-la.