O escritor filmado
Um dia destes andava à procura do título original de um filme sobre o escritor C. S. Lewis (aquele em que mais terei chorado na vida a seguir a O Meu Pé de Laranja Lima). Chamava-se, afinal, Shadowlands (cá penso que era Dois Estranhos e Um Destino) e descobri-o numa lista de filmes sobre escritores incrivelmente extensa quando, na verdade, não tinha noção de que os escritores fossem matéria-prima de filmes tão frequentemente (excepto, claro, enquanto autores de livros em que se baseiam os argumentos). Mas é mesmo surpreendente a quantidade de filmes em que os escritores são protagonistas. Alguns tornaram-se, de resto, inesquecíveis, como O Carteiro de Pablo Neruda ou A Sangue Frio (sobre Truman Capote), Henry and June ou Shakespeare in Love. Mas também há o escritor fictício em filmes como Misery (o desgraçado a quem a admiradora não perdoa ter acabado com a série que ela adorava) ou O Escritor Fantasma, bem como o escritor verdadeiro metido numa obra ficcional (Virginia Woolf em As Horas, por exemplo, ou Hemingway e Fitzgerald em Meia-Noite em Paris). A lista nunca mais acaba, garanto, e, ao lê-la, apeteceu-me rever alguns filmes que adorei na altura (Heart Beat, sobre a Beat Generation) ou que estão já enevoados na minha memória (Barton Fink, por exemplo); e ver muitos dos que perdi, como Sylvia (sobre Sylvia Plath) ou Iris (sobre Iris Murdoch). Há tanto por onde escolher que nem sei por onde (re)começar.