O menino e a menina
O politicamente correcto às vezes (quase sempre) enerva… E aquela história de não poder haver livros e brinquedos diferentes para meninas e meninos é um bocado irritante. Todos conhecemos meninas que adoram ser princesas e rapazes que só querem carros e bolas, e isso é tão normal que até se diz que uma menina é maria-rapaz se preferir correrias ao ar livre a brincar aos pais e às mães (era o meu caso, supostamente por ter um irmão pouco mais velho). Enfim, tudo quanto é demais é erro, e agora foi a vez da Real Academia Espanhola (RAE) se insurgir contra a forma como os políticos se dirigem ao eleitorado, com um «caros e caras» e «todos e todas», que considera um abuso do politicamente correcto, uma vez que os falantes de espanhol (e o mesmo acontece com os de português) não estão necessariamente a discriminar quando usam o plural masculino «caros» ou «todos» para se referirem a homens e mulheres, nem precisam de mudar a sua língua para fugir ao sexismo. O relatório da RAE critica as novas tendências linguísticas usadas por universidades, sindicatos e governos regionais em Espanha, que propõem a utilização de palavras como «cidadania» para substituir «os cidadãos» (cá também houve a polémica do Cartão de Cidadão acho que por causa do BE) ou «o professorado» para falar de professores dos dois sexos. O jornal argentino La Nación concorda, dizendo que não é preciso ser lexicógrafo para perceber que a palavra «infância» não equivale a dizer «os miúdos». O autor do relatório defende que «o uso genérico do masculino para designar os dois géneros está muito enraizado no sistema gramatical espanhol» e que não faz sentido «forçar as estruturas linguísticas». E foi aprovado por unanimidade pelos membros da Academia, da qual fazem parte muuuuuuuuuitos escritores. Então, aqui no blogue, quando eu falar de Extraordinários, não estou a omitir as mulheres, certo?