O nosso Eça
Como seria mais do que justo (imperioso mesmo, dado os que já lá estavam...), hoje seria o dia em que os restos mortais do grande escritor português Eça de Queiroz iriam finalmente para o Panteão Nacional, o que não aconteceu por causa de uma providência cautelar promovida por um ex-autarca de Baião, que não quer que o corpo saia de lá (acha que chama gente ao local) e que conseguiu ser apoiado por seis dos vinte e dois bisnetos do escritor. Mas Eça é daqueles que não morre, por isso é tão importante que continuemos a lê-lo, a relê-lo e a aprender com ele, independentemente do lugar onde estiverem os seus ossos. A Fundação com o seu nome, cujo presidente é um trineto de Eça (o escritor Afonso Reis Cabral), tem, de resto, feito um excelente trabalho neste sentido; e até tinha um programa para o último fim-de-semana na famosa casa de Tormes (a de A Cidade e as Serras) que foi cancelado por causa da polémica, mas cujas actividades incluíam realizar a entrega do Prémio Eça de Queiroz (para um romance de um autor com menos de 40 anos, neste caso A História de Roma, de Joana Bértholo), promover visitas guiadas à casa e mostrar um arquivo seleccionado do escritor, com peças e documentos raros, bem como alguns objectos pessoais que habitualmente não são exibidos publicamente. Agora vamos ter de esperar, e com o tempo que a nossa Justiça costuma levar, Eça continuará no pequeno cemitério em que está mais uns tempitos.