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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

12
Mar19

O obsceno literário

Maria do Rosário Pedreira

Ouço e leio que Bolsonaro, para criticar a pornografia, postou também ele pornografia, não fossem as pessoas não saber o que era e precisarem de ver um exemplo especialmente edificante. Obscenidade por obscenidade, o melhor é ter em atenção a colecção de livros «obscenos» que a British Library está a digitalizar, obras escritas entre 1658 e 1940, mas com especial tónica nos séculos XVIII e XIX, em que a literatura dita erótica ou pornográfica (eu sei lá qual a melhor classificação) floresceu. Todos conhecemos o Marquês de Sade, evidentemente, mas desconhecemos, por exemplo, John Cleland, que escreveu em 1748 um romance intitulado Fanny Hill que, segundo o artigo da Open Culture, não desilude nem como livro pornográfico nem como literatura de entretenimento. Muitos outros títulos, proibidos na sua época, tiveram como destino os «cofres» da British Library, sobretudo para não chegarem às mãos do público (o que os queria ler e o que os queria destruir)  – o que acabou por ser bom pois tornou agora fácil a sua digitalização para todos os subscritores dos Arquivos de Sexualidade e Género da biblioteca. E, segundo o que leio, há obras imensamente interessantes, escritas por homens e mulheres, em variadíssimas épocas, sobre educação sexual, homossexualidade e fluidez de género. Para os interessados, há mais informações (entre as quais deliciosas capas) aqui:

 

http://www.openculture.com/2019/02/the-british-library-digitizes-its-collection-of-obscene-books-1658-1940.html

3 comentários

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    António Luiz Pacheco 12.03.2019

    Boa! E onde podemos encontrar essa obra? Isso promete… é que assim eram os padres, o Xico do Padre Manel, que o diga… e vamos para Aquilino e o incontornável "Andam Faunos pelos bosques" - isto de conversar num blog de livros é no que dá, eheheh! - e os seu padres, padreadores, se me entendem a expressão.

    Não resisto a contar uma história ouvida sei lá eu onde, mas talvez espólio do meu tio-bisavô o Cónego Malato, que morreu muito velho, era divertido, tinha um Ford 1917 e a sobrinhada adorava-o.

    Um padre, algures numa aldeia da diocese de Portalegre, vivia pecaminosamente com a dita "governanta", o que escandalizava alguma das suas paroquianas que se iam queixando ao bispo e instâncias superiores, até que um dia este de visita à referida paróquia, resolveu tirar aquilo a limpo, ao visitar a paroquial residência.
    Foi apresentado à governanta, aliás paga pela paróquia como a casa e o sustento do pároco, e pôde verificar que a residência sendo exígua tinha apenas um quarto e uma cama… o que o preocupou e levou a questionar o padre sobre como dormia.
    Este mostrou uma tábua, aparelhada e explicou que era colocada no leito, ao meio, dividindo a cama que era assim partilhada na maior das composturas.
    O bispo, avaliou, mas em dúvida comentou que compreendia, mas… a carne sendo fraca podia haver a tentação…
    E logo padre prontamente: Se houver tentação, a tábua sai logo, com toda a facilidade!
    Assunto arrumado!
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    Fernando Costa 12.03.2019

    Caro Pacheco

    Por incrível que possa parecer, essa obra é disponibilizada apenas em dois postos de venda e só na localidade mater do dito padre, perto de Ferreira d'Aves, que não há-de ser desconhecida para si. Recusei colocá-la na edição "mainstream" (sou mais teimoso que o burro que o meu avô punha a puxar à nora) e as edições sucedem-se, a que se aliou a proposta (ainda não concretizada) de passar a coisa a uma série de televisão ou ao cinema, dependendo dos subsídios do ICAM, tendo assinado contrato com uma produtora.
    Se "googlar" o nome do padre e o meu nome e apelidos, aparece-lhe muita coisa sobre o caso - incluindo comentários brejeiros, até interessantes - e a apresentação do livro no "youtube".
    Isto não quer dizer que o seu interesse pela leitura dessa obra (que veio aqui na sequência da sempre oportuna peça diária da Rosário, que devemos agradecer) fique coarctado, uma vez que, para amigos, disponibilizo graciosamente, com dedicatória, o "book". Já tive o seu endereço quando eu assinava com o heterónimo (!) Joca Martinho, suponho que terá sido apontado algures, peço-lhe que me indique o sítio para onde lho enviar.

    Quanto à tábua separadora, bendita ela tanto quanto tem de humor essa bem urdida história do Cónego Malato.

    Cumprimentos longos desde a Nave até à Morena Cidade, onde o "meu" padre Costa, em missão evangélica ou outra, teria certamente contribuído largamente para o preenchimento do gráfico de fecundidade das morenas autóctones... e das mais clarinhas.
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