O prazer de ler
Quando me fazem entrevistas na qualidade de editora, perguntam-me frequentemente o que precisa de ter um livro para ser publicado, ou o que é que um bom livro tem que não se encontre num mau livro. Não tenho uma resposta imediata para nenhuma destas duas questões (podia tentar, mas seria longa e complexa), mas também não consigo avançar apenas com o feeling de que aquele autor vai acabar por vingar ou o simples faro, a intuição de que estou perante um livro que vai dar que falar (o que me aconteceu, por exemplo, com Han Kang e A Vegetariana). Porém, recebi esta semana uma newsletter de uma editora australiana, a Text Publishing, que, sem oferecer definições ou propostas, apresenta uma formulação para o gesto de publicar com a qual concordo em absoluto: «Publicamos livros para dar prazer, para mudar o tema da conversa e para pôr algo novo no mundo.» É isso mesmo que eu gostava que acontecesse com os livros que publico, claro – dar prazer acima de tudo. Mas será também isso que os leitores procuram? Talvez o maior problema esteja em que muita gente não associa a leitura ao prazer, mas a um tremendo frete…