O que ando a ler
Ora sejam bem-vindos ao blogue em 2025. Espero que tenham lido bastante durante estes tempos natalícios e recarregado baterias para o ano que agora começa. Eu levei para férias um livro que tinha comprado uns meses antes mas ainda não começara por causa de uma coisa chata: tem a letra demasiado pequena. Só no fim deste ano mandei fazer os óculos novos e então, sim, atrevi-me a lê-lo. Chama-se Canção do Profeta, escreveu-o Paul Lynch e ganhou o Man Booker Prize em 2023. É um romance distópico, que decorre numa Irlanda onde o poder é detido por uma estrutura que, sob o pretexto da segurança, desata a prender toda a gente que levante a voz e esteja contra alguma das suas acções. Larry, sindicalista, é preso logo no princípio do livro, e a sua mulher, com quatro filhos a cargo (um ainda bebé e o mais velho adolescente) anda desesperadamente a tentar tomar conta de tudo quando não só no emprego o seu chefe é substituído e o novo a põe claramente na prateleira, mas também o governo chama o filho mais velho para cumprir o serviço militar antes mesmo de terminar a escola secundária (e ele se recusa a fazê-lo). E mais não conto, mas é um livro com um toque orwelliano que põe questões muitíssimo actuais (e também assustadoras) que, se calhar, nem estão assim tão longe dos horizontes da nossa Europa. Leiam-no. A tradução é de Marta Mendonça.