O que ando a ler
Vamos lá então a saber o que cada um anda a ler, com uns dias de atraso em relação aos outros meses, mas sempre a tempo. Eu, liberta das leituras sobre fado e igualmente despachada da masterclass que fui dar a Guadalajara, respiro fundo e, em casa, leio então apenas o que me apetece. Comecei por um romance do recém-desaparecido V. S. Naipaul, homem que era proverbialmente antipático mas um grande escritor, a quem atribuíram o Nobel da Literatura logo no início deste século. Trata-se de Uma Vida pela metade – e, embora, eu ainda vá a meio (para acompanhar o título), posso dizer que conta a história de Willie Somerset Chandran, um jovem indiano que deve o seu nome ao escritor britânico autor de O Fio da Navalha que, neste romance, teria tido como inspiração o pai de Willie, brâmane que abandonou a universidade e a sua casta para casar com uma rapariga miserável de quem nem sequer gostava como medida contra o establishment e a política vigente. O herdeiro tem-lhe raiva, além de vergonha da mãe, e está apostado em recuperar a linhagem perdida (se for possível) ou, pelo menos, uma certa posição. Na parte em que vou, Willie estuda em Londres com uma bolsa, conseguiu fazer amigos influentes e acaba de conseguir editor para um livro de contos, além de dormir com a namorada do melhor amigo. Veremos o que acontece a partir daqui.