O que ando a ler
Pronto, hoje é dia de dizer o que ando a ler. Para não fugir muito do habitual (e porque os Extraordinários não ligam grandemente à poesia), tenho em mãos um romance, uma tradução do francês feita por Artur Lopes Cardoso de um texto assinado por um escritor de quem gosto muito: Philippe Claudel, autor de um dos meus livros preferidos, o excelente Almas Cinzentas. O novo, acabadinho de sair, tem lugar num arquipélago imaginário de origem vulcânica (Arquipélago do Cão é, de resto, o título), um lugar sem grande valor para o país a que pertence, mas que está em vias de entrar no mercado do turismo por causa das suas excelentes águas termais, atraindo investidores e, com a hotelaria e a construção, conseguindo manter na ilha os habitantes que antes migravam para o continente assim que chegavam à idade adulta. Porém, dão à costa numa praia pedregosa da ilha três negros, por certo migrantes fugidos de África num desses botes de borracha que a toda a hora naufragam nas águas do Mediterrâneo. E a publicidade a tal caso pode inibir os projectos e os turistas, pelo que o melhor é encontrar uma cratera bem funda onde «despejá-los»... Mas os vulcões podem ser vingativos, e a terra treme várias vezes neste romance. Vou mais ou menos a meio e estou obviamente curiosa em relação ao final. O livro foi publicado pela Sextante e Claudel esteve recentemente em Portugal para o seu lançamento.