O que ando a ler
A tradição de publicar em fascículos independentes, ou às pinguinhas em jornais e revistas, morreu, até porque os jornais e as revistas também já não são o que eram e ninguém hoje lê e encaderna fascículos (e muita gente já nem lê jornais). Mas houve um tempo em que era bastante comum (Dickens começou assim a carreira, por exemplo) e o hábito durou quase até à era do digital (sim, ainda comprei um atlas em cadernos que depois mandei coser dentro de uma capa que também ofereciam). O que agora ando a ler também começou a ser publicado em capítulos, e curiosamente na revista Playboy. Trata-se um romance de Yukio Mishima (o grande Mishima que amava as tradições e se matou desencantado com a modernidade) que, graças a Deus, a Livros do Brasil acaba de publicar em livro. Chama-se Vida à Venda e conta como um jovem publicitário de 29 anos, na sequência de um suicídio fracassado, resolve despedir-se e pôr um anúncio dizendo que vende a sua vida. Claro que esta estratégia de acabar com ela vai criar peripécias que terão frequentemente o efeito contrário, ao ponto de o fazer talvez reequacionar o valor da vida. Veremos, claro.