O que ando a ler
Ando a ler livros curtos, porque estou numa fase de muito trabalho e só tenho aqueles minutinhos antes de dormir para ler umas páginas. Voltei a Julian Barnes, um dos meus escritores favoritos, e leio um livro (Os Níveis da Vida) que trata de uma questão que sempre me interessou muito e sobre a qual, de resto, escrevi nos meus poemas: o que acontece quando se perde para sempre a pessoa amada? Barnes começa por falar de balões de ar quente, de fotografia e da fabulosa Sarah Bernhardt, por quem se apaixonou o coronel Fred Burnaby, mas em vão; porém, acaba a escrever sobre a própria viuvez, o luto, a raiva, as reacções dos amigos ao seu desgosto e à sua recuperação (mas é possível recuperar da morte de alguém que se amou tanto?), as conversas que ainda mantém com Pat, a mulher com quem foi casado anos a fio e que lhe desapareceu em apenas 37 dias, entre o diagnóstico e a morte. Como sempre em Barnes, a inteligência é acutilante e não há lamechice nem goduras. Este é um livro especial com que me indentifiquei e que nos ensina muita coisa sobre o sofrimento e a separação de duas pessoas que, quando estavam juntas, tinham realmente um caminho comum. Querido Barnes.