O que ando a ler
Muito contra o que é costume, porque não é das áreas que eu mais explore (mesmo que devesse), ando a ler um romance gráfico. Dá-se o caso de este me ter sido aconselhado por um autor que o aplaudiu sem reservas, de eu ter lido uma excelente crítica sobre ele num jornal e de, por acaso, até conhecer ao de leve o autor do argumento, Filipe Melo, embora de outras andanças (a música, já que ele é um fantástico músico, pianista e director musical do último projecto de um amigo, António Zambujo). Chama-se esta obra maravilhosa Balada para Sophie, conta com o artista Juan Cavia na parte do desenho (uma boa escolha porque também ele é extremamente dotado) e narra a história de uma estagiária do Le Monde que vai entrevistar um velho músico retirado que trocou uma carreira na música erudita pelo sucesso fácil da canção popular. A conversa entre ex-vedeta e «jornalista», que abarcará toda a vida do artista desde a infância à velhice, tem o seu ponto alto no período da Segunda Guerra Mundial e da Paris ocupada e brinda-nos no final com uma composição musical de Filipe Melo que é justamente a balada que dá nome ao título. É tudo imperdível. Publica a Tinta-da-China.