O que ando a ler
Dizem as más-línguas que o Prémio Planeta em Espanha é ganho por um escritor convidado pela própria organização a submeter um livro ao concurso. Não sei se é ou não assim, até porque conheço alguns casos de premiados que não eram nada conhecidos nem especialmente bem-sucedidos antes de terem arrecadado o prémio. Mas seria em todo caso plausível que, a ser verdade, Javier Cercas tivesse sido convidado para o ganhar em 2019, pois é um autor de gabarito que vende muitíssimos livros em Espanha (e não só) desde o brilhantíssimo Soldados de Salamina. É o seu Prémio Planeta que agora me ocupa as noites de leitura, um romance chamado Terra Alta, coisa, aliás, muito diferente do que até aqui tem feito, pois as suas obras baseiam-se habitualmente em acontecimentos reais e Terra Alta parte de matéria puramente fictícia e até de tipo policial. O início é, de resto, o assassínio extremamente violento de um casal rico, embora, mais importante do que a resolução do crime, pareça a vida do polícia que quer deslindar o caso e que, depois de ter sido um deliquente, se transformou num herói que ainda por cima aprecia a literatura e chamou à filha Cosette por causa de Os Miseráveis. Segundo reza a contracapa, trata-se da «epopeia de um homem em busca do seu lugar no mundo». Veremos se consegue encontrá-lo.