O que ando a ler
Sendo hoje dia de dizer o que ando a ler, direi que leio, algo desconcertada ainda, O Colibri, de Sandro Veronesi (senhor nascido no mesmo ano que eu), publicado entre nós pela Quetzal e traduzido por Cristina Rodríguez e Artur Guerra. O colibri do título é Marco Carrera, que ganhou essa alcunha por ter nascido incrivelmente pequeno e ter sido, aliás, sujeito a um tratamento hormonal para crescer. Isso não o impediu, porém, de ter sucesso nos amores que, apesar de tudo, são relações irregulares, quer a que leva ao casamento com Marina, com quem Marco tem uma filha problemática (Adele), quer a que mantém desde praticamente a adolescência com Luisa e que, tanto quanto me é dado ver, nunca chega a vias de facto, embora origine uma correspondência profusa e bastante enigmática. Também o é a mantida por Marco com o irmão a propósito da casa dos pais, a cair aos bocados desde a morte destes, ou as situações que respeitam à irmã de ambos (Irene) e a um amigo da adolescência (o Inominável) que resolveu sair de um avião antes de este levantar voo e sabe mais tarde que esse avião teve um acidente em que morreram todos os passegiros. Mas o livro está cheiinho de surpresas e, ainda que exija muita atenção, sobretudo às datas, vale bem a pena ser lido.