O que ando a ler (adiantado)
Meus caros Extraordinários, adianto-me no post sobre as leituras que me ocupam, porque tenho de novo de vos deixar. Enquanto alguns estarão a ler-me, estarei eu muito provavelmente dentro de um avião a caminho de São Paulo, onde este ano se realiza a Bienal do Livro tendo Portugal como convidado de honra. Sairá por lá um dos meus livros de poesia, o que implica lançamento e diálogo e, como sempre acontece nestes festivais, aproveita-se o 2 em 1 e também vou falar das razões por que não se publicam mais autores brasileiros em Portugal (e vice-versa). Não esperem nada meu aqui nas Horas antes de quarta (chego na terça, mas devo vir com as horas trocadas). Entretanto, estou a ler, o que é raro, um livro de contos: o velhinho Dança de Família, de David Leavitt, que penso ter lido já há milhentos anos, mas do qual não tinha quase memória... E, impulsionada por Sandro Veronesi no último capítulo de O Colibri, aceitei o conselho de voltar a este autor que quase desapareceu do mapa em Portugal (alguém ainda o publica por cá?) e que, neste livro, estava mesmo a começar mas prometia muito. Era realmente bastante novo, mas muito maduro na sua observação das várias famílias que atravessam estes contos, quase todas com um ou mais elementos fora da caixa (todas as famílias têm os seus estranhos), com histórias de divórcios mal resolvidos e também com vários casos de homossexualidade nem sempre assumida pelos próprios ou pelos progenitores. Vale também muito a pena descobrir que afinal o mundo já era bastante confuso nos anos 1980 e que se cumpriram algumas previsões sobre o universo digital anunciadas nas entrelinhas deste livro... Até breve, espero. Leiam na minha ausência.