O senhor Pires
Quem conheceu Cardoso Pires gostava dele – e eu tenho pena de só ter estado com o escritor meia dúzia de vezes, uma das quais com a desvantagem de ele ter acabado de torcer ou partir um pé durante a Feira do Livro de Frankfurt e, portanto, pouco disposto a ser simpático. Um ano depois, morreria – e contam-se este ano vinte anos sobre a sua morte, tendo havido uma homenagem no Palácio Galveias em Lisboa; esta foi coroada por uma exposição de fotografias suas ao longo de quarenta anos sempre pela mão do talentoso Eduardo Gageiro, que falou sobre a sua relação com o romancista (próxima mas não íntima, tratavam-se por você) à TSF na semana passada, num programa em que as filhas de Cardoso Pires também intervinham e relatavam episódios da vida com o pai. Pois a Hemeroteca compensa esta ausência de vinte anos com um arquivo digital de cerca de 1500 documentos, o Dossier Digital José Cardoso Pires, que promete ser da máxima utilidade para os estudiosos do autor de O Delfim, Balada da Praia dos Cães ou Dinossauro Excelentíssimo. O arquivo está divido em separadores, tornando assim mais fácil a consulta – e vai ser possível saber até a informação mais comezinha, como a altura de Cardoso Pires ou quanto pagou de impostos em determinado ano. Sobre o grande senhor, Bruno Vieira Amaral escreveu uma biografia que deve estar para ser publicada um destes dias.