O senhor Twain
Há autores que, além do que escreveram, transpiram simpatia – e Mark Twain é certamente um deles. O número de histórias cómicas a seu respeito é enorme e lembro-me agora de duas. Na minha família, houve sempre fumadores e, como é natural, falava-se de vez em quando em deixar de fumar. O meu pai, que era o mais viciado de todos (fumava quatro maços de cigarros por dia), contava que Mark Twain, que também tinha o vício do tabaco, dizia que era facílimo deixar de fumar, uma vez que ele próprio já o fizera mais de trezentas vezes... Mas há outro episódio que tem ainda mais graça. Num comboio, quando apareceu o revisor, o escritor americano começou a revolver todos os bolsos e não encontrava o bilhete em lado nenhum, começando a ficar realmente aflito. O funcionário, porém, reconheceu-o e disse-lhe que sabia muito bem quem ele era e que não precisava de se preocupar com o bilhete. Ainda assim, Twain continuou desesperadamente à procura e, quando o revisor tornou a dizer-lhe que não era necessário, o escritor explicou-lhe: “Claro que é necessário. Se não encontrar o bilhete, como vou descobrir em que estação devo apear-me?”