Os clássicos
Conheço uma escritora cubana que tem um gato às riscas, cor de laranja, muito gordo. Chama-se Horácio e foi comprado (ou adoptado) quando ela vivia em Itália, daí o baptismo. Porém, assim que o olhamos, ocorre-nos imediatamente o nome Garfield (é igualzinho ao boneco, até na sua propensão para dormir), porque, já se sabe, de Horácio, o poeta latino da Antiguidade, pouco lemos e não nos lembra nada de especial. Talvez as tiras de Garfield também se tornem um clássico daqui a cinquenta ou cem anos, mas é ainda demasiado cedo para o sabermos. Admito que não haja tempo para tudo – e queremos andar actualizados (eu sobretudo, que me dedico à literatura mais jovem) –, mas conheço muita gente que, a partir de certa idade, diz que só lê clássicos, pois, se vingaram após tanto tempo e continuam a ser publicados, é porque são seguramente livros bons. Recentemente, fui contactada pelo projecto Adamastor, que se ocupa da edição digital de clássicos da literatura, para responder a algumas perguntas sobre a importância dos clássicos. Antes e depois de mim, outros escritores, como Mário de Carvalho, Eduardo Pitta ou Rentes de Carvalho, também responderam à pergunta «Porquê ler os clássicos?». O link da minha entrevista vai aí abaixo, para quem quiser ler. Hoje, como disse um dia destes um dos leitores do blogue (e com alguma razão), estou a encher chouriços. Desculpem.
http://projectoadamastor.org/tag/maria-do-rosario-pedreira/