Os críticos
Um amigo partilha comigo um texto sobre Diderot e os críticos. Eu já sabia que Diderot não tinha papas na língua a respeito de quase nada (calhou-me uma história dele num exame de Francês do Secundário que nunca esqueci) e, em relação aos críticos, pelos vistos também não se poupa (nem os poupa), descrevendo-os como «os selvagens que certos viajantes do passado encontraram e que lançavam dardos envenenados» («farpas» seria para ele uma palavra demasiado doce, imagino). Reflectindo sobre os autores, Diderot afirma que o seu papel é bastante vaidoso, o de alguém que se crê capaz de dar lições ao público; mas logo acrescenta que o dos críticos o é ainda mais, na medida em que estes se acham capazes de dar lições àquele que se acha capaz de as dar ao público. E continua no mesmo tom, acusando o crítico de só encontrar virtudes nas obras dos escritores mortos e defeitos nas dos vivos (hum, nisto tem certa razão) e de, apregoando-se rigoroso e profundamente objectivo, não conta senão com a subjectividade do seu gosto e as mais das vezes com uma formação bastante escassa; pelo que afirma que o que um crítico devia ser antes de tudo era um «homem de bem», e não um «juiz, executor, verdugo, legislador, em suma, um ser que se julga superior a toda a gente e ainda por cima impune». Eh lá, esta é mesmo forte.