Os Lusíadas
Tive duas edições escolares de Os Lusíadas: uma de capa encarnada, que usava no colégio e herdara dos meus irmãos (já muito coçada e com a lombada descolada) e outra de capa verde-clara que alguém me recomendou: anotada, explicando as influências, as referências, a mitologia, as alusões, etc. A primeiríssima edição de Os Lusíadas é valiosa, claro, e houve um exemplar dessa edição recentemente comprado pela Livraria Lello. Mas há outros exemplares da primeira edição, que estão em bibliotecas, diferentes desse, apesar de todos referirem a mesma data e mesma casa impressora; mas, nuns exemplares, a gravura que ornamenta o frontispício tem um pelicano com a cabeça virada para a esquerda, e noutros exemplares virada para a direita, além de que, entre as diferenças, certas capitulares não são iguais e o papel é diferente em dois exemplares supostamente da mesma edição. Porém, como nunca podemos ver à lupa dois exemplares ao lado um do outro, a dúvida prolongou-se e só agora, com a ajuda da investigação realizada por Rita Marnoto e publicada na sua recente Edição Crítica, com mais de mil páginas, sabemos que houve contrafacção e os exemplares são efectivamente de duas edições impressas em datas distintas. E agora? Quem comprou a primeira edição comprou mesmo a primeira edição?