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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

25
Jun14

Os novos jornalistas

Maria do Rosário Pedreira

Conheço alguns jornalistas que escrevem e falam bem e sou até admiradora da prosa e da inteligência de alguns. Também sei de outros que, não sendo brilhantes, fazem apesar de tudo o seu trabalho competentemente – e trabalham muito, a avaliar pela quantidade de páginas que nos oferecem semanalmente. E, porém, na mesma semana em que tive conhecimento dessa notícia dramática que é o despedimento de cerca de 60 jornalistas – entre profissionais do Diário de Notícias, TSF, Jornal de Notícias e O Jogo, alguns muito bons –, tomo contacto com histórias de outros que são de bradar aos céus. Alguém publicou, por exemplo, a notícia, com fotografia e tudo, de que Maria João Avillez iria receber a mais alta condecoração do Estado a título póstumo. Ora, certamente a confundiram com a irmã, Maria José Nogueira Pinto, pois Maria João está vivíssima da costa. Desagradável, claro, matar alguém antes de tempo e assustar os amigos... Numa conversa com o Manel, fico a saber que um jornalista de uma revista de grande tiragem lhe telefonou por causa de um artigo sobre Herberto Helder que tinha de escrever e que, quando o Manel lhe explicou que o poeta não dá entrevistas e já não sai praticamente de casa, perguntou onde arranja ele então inspiração para os poemas... Não contente com isso, acaba a conversa a perguntar se Herberto cozinha bem, uma vez que passa tanto tempo em casa (em casa só se cozinha, está visto). Não deve ter ideia nenhuma da idade do poeta, nem de quem é, nem do que escreve, mas a verdade é que foi a ele que pediram o artigo, o que parece ainda mais estranho. E não é tudo: também me contam que, por causa dos itens do orçamento de Estado chumbados pelo Tribunal Constitucional, uma jovem jornalista disse na redacção onde está a estagiar que a Constituição é realmente um livro muito chato, que detestou ler porque tem partes que não se percebem. Há mais, claro, mas fico por aqui para não cansar. Em vez destes estagiários tontos sem editores que os encaminhem e ensinem, devíamos ter alguns dos jornalistas que todos os anos são despedidos. Não me parece que os jornais sobrevivam com estes miúdos, mas dizem-nos que é justamente para poderem sobreviver que despedem quem despedem...

3 comentários

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    Luis Eme 25.06.2014

    caro Rui,

    poderão não ser sessenta, mas também não serão os 160, porque neste número não estão englobados apenas jornalistas, há também pessoal com funções de apoio técnico e logístico ao grupo.
  • Sem imagem de perfil

    Anónimo 25.06.2014

    Olá Luis,

    Erro meu, então. Retive de memória uma notícia em que seriam dispensados 160 colaboradores (140 por despedimento colectivo e 20 por acordo, ou algo assim). Deduzi que fossem todos jornalistas. Pensei que a nossa anfitriã tivesse comido um 1 ao digitar o número "mágico".

    Cumprimentos,

    Rui Miguel Almeida
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