Ouvir poemas
Nos anos longínquos em que as Correntes d’Escritas, na Póvoa de Varzim, davam os primeiros passos, havia sempre leituras de poemas à noite, no bar do hotel onde os convidados estavam hospedados. Às vezes os diseurs eram perturbados pelo tilintar de copos e chávenas, tornando a tarefa mais difícil, mas nem assim desanimavam, porque as cadeiras e o chão do bar se enchiam de gente da Póvoa e dos arredores que iam ali exclusivamente para ouvir poesia. (Hoje continua a haver sessões de poesia neste encontro, mas numa sala específica cuja lotação se esgota rapidamente.) Existem muitas pessoas que, embora não sejam leitores regulares deste género literário, gostam de ouvir dizer poemas; e muitas pessoas que até dizem não gostar de poesia até ouvirem alguém ler alto uns quantos textos e descobrirem que, afinal, não se importariam de ter os livros daquele poeta. Nem todos temos tempo para passar horas nas livrarias à procura de poetas de que vamos gostar, mas agora a revista Ler resolveu colocar no seu blog um poema por dia – e, além do texto ali transcrito, dá-nos a ouvir frequentemente o próprio poeta ou outra pessoa a dizê-lo em voz alta num pequeno vídeo. Por isso, se quer saber o que se anda a escrever por aí – e o que já se escreveu há mais tempo – pode começar o dia a ouvir um poema, e então, sim, decidir se o poeta é dos que gosta ou dos que prefere passar. Comece já hoje, que é segunda-feira. Logo à noite, às 22h00, haverá também o lançamento do livro Naquela Língua, uma antologia da novíssima poesia brasileira, no bar Povo, ao Cais do Sodré, com leitura e conversa.