Ovídio
A filha de um amigo espanhol tirou o curso de Literaturas Clássicas e é hoje professora na Universidade de Manchester, onde se doutorou. Contou-nos, porém, que nem sempre é fácil ensinar Ovídio, sobretudo A Arte de Amar; antes de começar, é obrigada a explicar aos seus alunos que este autor romano nascido pouco antes de Cristo fala por vezes das mulheres de uma forma que hoje seria considerada inaceitável. E o problema é que os estudantes (mais as estudantes, na verdade) podem simplesmente recusar-se a estudar a obra, e até a ler o autor... Bem, por cá o professor Carlos Ascenso André está a traduzir toda a obra de Ovídio, e recentemente saiu Remédios contra o Amor, publicado em versão bilingue, o que (creio eu) é uma novidade. Espero que nas nossas universidades as raparigas não resistam a lê-lo, até porque, segundo o tradutor sugere, «os Remedia amoris eram bem mais do que o divertimento poético que pareciam, admitindo uma revisão do lugar da mulher, que assume um papel muito mais profundo nestes poemas». Leia-se, pois!