Palavras mortas
Não sei se alguém reparou, mas no meu post de ontem, sobre o livro de Clara Dupont-Monod, usei dois vocábulos que estão em desuso: «flausina» e «mastragança». São palavras cheias de sumo, forradinhas de sentido, mas infelizmente a cair no esquecimento. Porém, apelo aos leitores deste blogue que se esforcem por incluí-las nos vossos escritos e discursos; e, tal como estas que referi, muitas outras que todos ouvimos decerto aos nossos pais e avós e correm o risco de desaparecer dos nossos dicionários. Eu sei, não é normal retirar do vocabulário uma palavra só porque não anda nas bocas dos contemporâneos. Porém, segundo li, no mês passado o Instituto Camões anunciou que vai considerar palavras mortas todas aquelas que não tenham sido utilizadas nos últimos três anos. Quem deu a notícia com escândalo no Facebook fez, de resto, questão de juntar imediatamente à informação uma dúzia de saborosos vocábulos, como «zureta», «pelém» e «sanapismo». E eu junto «bazulaque», que aprendi com o escritor Mário Cláudio, «lambisgóia», «amásia» ou a expressão «a nove» para dizer «a correr» que, infelizmente, já quase não ouço por aí. Faça o mesmo e não deixe as palavras morrer. Se isto já está pobrezinho, ainda mais pobre ficará.