Personae na Internet
Quando escrevia regularmente livros de ficção juvenil era convidada muitas vezes para ir às escolas falar com os alunos do quinto e sexto anos sobre o meu método de escrita, as histórias que inventava, como tinha começado a escrever, porque decidira criar aquelas personagens e enredos, enfim, um sem-número de assuntos ligados ao ofício do escritor ou a algum livro em particuar que o professor estivesse a trabalhar com a turma. Lembro-me de que frequentemente os miúdos perguntavam aonde ia eu buscar aquelas ideias ou histórias; e eu respondia que, na maioria das vezes, as ia buscar à «massa cinzenta» (mas deixei de o fazer porque grande parte dos alunos já nem conhecia a expressão). No entanto, explicava-lhes que para se ser escritor é preciso ter imaginação e pôr a cabeça a trabalhar, mesmo que nos possamos sempre inspirar em pessoas reais e coisas que aconteceram. Mas agora, pelos vistos, os escritores têm muito aonde buscar inspiração (e não deixa de ser na realidade). Leio no suplemento literário do El país de há uma semana e tal um artigo sobre jovens romancistas espanhóis bastante interessante. Nele, uma das autoras confessa passar bastante tempo no Instagram para recolher ideias para as suas personagens e, o que é mais curioso, ter-se metido num Chat durante vários dias para as tornar mais credíveis... E esta, hein?