Poesia conjugal
Hoje tenham paciência, mas não me vou esforçar muito. Logo à tarde o Manel vai apresentar livro da sua autoria e dá-me de mão beijada um tema para o post de hoje. Pois é, depois de muita insistência minha e de muita preguiça dele (a história já tem uns anitos), lá se convenceu o senhor editor e marido a olhar para toda a sua produção poética escrita desde os anos 1960 até hoje e a escolher os poemas que achou deviam figurar num livro para a posteridade. A sua Poesia Reunida chama-se por isso O Pouco Que Sobrou de Quase Nada (ele foi demasiado exigente, mas a vida do editor é cortar, cortar…) e vai ser lançada hoje pelas 18h30 no Restaurante do El Corte Inglés. Aqui fica uma amostra à la O’Neill para os mais curiosos:
CHIADO
aquelas pernas ali a dar a dar
dos homens levam os olhos ao passar
são borboletas canários verde mar
onde mergulho a medo o meu olhar
são promessas que sei sem cobertura
de uma viagem pela interior natura
aquelas pernas ali a dar a dar
dos homens levam os olhos ao passar
são às dezenas às centenas ao milhar
a desenharem nos passeios pombas brancas
nascem nos pés e vão até às ancas
por um caminho que é bom de passear
aquelas pernas ali a dar a dar
dos homens levam os olhos ao passar
umas claras são outras morenas
umas marias outras manuelas
umas maiores outras mais pequenas
mas as tuas são melhores que todas elas
as tuas pernas aí a dar a dar
que já nem posso este poema terminar