Poesia e café
No mesmo dia em que leio no jornal que o café pode fazer muito pela memória (e eu até posso tomar mais de um porque tenho a tensão arterial baixa), descubro que a poesia estimula a actividade cerebral e é muito mais eficaz na resolução de problemas emocionais do que a leitura de livros de auto-ajuda; mesmo quando é difícil – ou sobretudo quando o é. Especialistas da Universidade de Liverpool em neurociência, psicologia e literatura inglesa monitorizaram a actividade cerebral de trinta voluntários, que leram, primeiro, excertos de textos poéticos clássicos (Pessoa, Shakespeare, T.S. Eliot e muitos outros) e, depois, essas mesmas passagens traduzidas para linguagem coloquial; os resultados mostram que a actividade do cérebro dispara quando o leitor encontra palavras incomuns ou frases com uma estrutura semântica complexa, não reagindo de forma especial quando o conteúdo se expressa com fórmulas de uso corrente. Ora, ao que parece, esses estímulos mais fortes mantêm-se durante bastante tempo e potenciam, entre outras coisas, a atenção dos indivíduos, facilitando a aprendizagem. Além disso, segundo um dos autores do estudo, a descrição profunda de experiências emocionais constante na poesia afecta o lado direito do cérebro, onde são armazenadas recordações, ajudando o indivíduo a reflectir sobre elas e a entendê-las muito melhor do que nos livros de auto-ajuda. E esta, hein? Com café e poesia temos cabeça para dar e vender…