Poesia e música
Não vou falar de resistência, mas sinto um desinteresse maior dos leitores sempre que os meus posts são sobre poesia. Pelos vistos, o género não é o mais apelativo e, pela sua natureza metafórica ou elíptica, chega a menos gente, o que é uma pena. Já o poeta Pedro Homem de Mello, quando Amália cantou fados baseados em vários poemas seus (e roubados sem consentimento), em vez de se enfurecer, agradeceu à diva ter feito chegar a sua poesia ao povo. E é o mesmo que se vai passar agora com o músico e cantor Fernando Tordo que, para aproximar as pessoas dos versos, resolveu musicar e gravar muitos textos de poetas portugueses, dando a explicação: «Chegam melhor às pessoas através da música.» Chegarão? É bem provável; e, com data de saída prevista para Setembro, Fernando Tordo já começou a trabalhar no novo álbum, que será gravado com orquestra. Para já, sabe-se que os poetas escolhidos são Mário de Sá-Carneiro, António Botto, Pedro Homem de Mello, Manuel Alegre, Fernando Pessoa, Luís de Camões, Florbela Espanca, Sophia de Mello Breyner Andresen, Jorge de Sena e Carlos de Oliveira, e que estes serão cantados pelo próprio Tordo e seus convidados (Carolina Deslandes, Agir e Milhanas). O jornalista Nuno Pacheco, do Público, revela que Fernando Tordo, já há muitos anos, fez uma experiência semelhante com vencedores do Nobel da Literatura, cantando Joseph Brodski, Octavio Paz, Saint-John Perse, Eugenio Montale, Wislawa Szymborska, Pablo Neruda, Rabindranath Tagore, Harry Martinson, Derek Walcott, Vicente Aleixandre, Seamus Heaney e José Saramago. Haja quem tente mostrar com é linda a poesia.