Porto sem livros?
E pronto: pela segunda vez, desde que me lembro de trabalhar na edição, o Porto vai provavelmente ficar sem feira do livro. Até já me tinham dito que em 2014 o certame voltaria à Rotunda da Boavista, sítio adequado e bonito, mas, de repente, leio no jornal que, afinal, a realização da feira foi suspensa por quebra de confiança e, porque não dizê-lo?, por falta de garantia de apoio financeiro por parte do município. No ano passado, apesar de ser de Lisboa e ter feira assegurada no Parque, esperneei: tenho muitos autores do Norte, alguns até da própria Invicta, e amigos leitores a quem ficaria mais cómodo ir à feira lá em cima; além disso, não conseguia perceber bem porque eram necessários à APEL 75 000 euros para se armarem uns pavilhões numa avenida, colocarem umas mesas para autógrafos e venderem uns livros. Mas depois explicaram-me que não estava a ver bem a coisa, que, para lá da verba da inscrição (não tão pequena como isso), a maioria das editoras tem sede em Lisboa e, como tal, tem de fazer transportar (com custos nada desprezíveis) não apenas muitos livros, mas também os próprios pavilhões e, em certos casos, igualmente o pessoal que vende e toma conta das faltas. Esses, deslocados da cidade onde moram, têm de dormir em qualquer lado (nem que seja uma pensão barata, três semanas podem perfazer um valor jeitoso) e comer, pelo menos, duas refeições por dia. Deslocá-los, seja de carro ou de comboio, custará dinheiro. E, se eu quiser ir mais longe, posso até imaginar que as contas de telemóvel de alguns sobem bastante, com pais e mães a quererem saber dos filhos que ficaram em casa – longe, portanto. Enfim, bem vistas as coisas, talvez esses 75 000 euros «reclamados» ao município nem sejam um montante tão exagerado como ao início possa parecer, sobretudo pensando nas pequenas e médias editoras, que dificilmente poderiam, sozinhas, bancar tanta despesa. Mas, enfim, espero que a coisa ainda se resolva e alguém abra os cordões à bolsa para que haja livros este ano também a norte.
P.S. Já depois de ter escrito o post, li isto, o que podem ser boas notícias: