Professores
Aqui há uns anos havia muitos professores que queriam trabalhar e não conseguiam vaga. Hoje leio em todo o lado que já existe falta de professores (alguns alunos ainda nem tiveram aulas de determinadas disciplinas e estamos no segundo período lectivo) e que o problema tende a agravar-se nos próximos anos com a previsão da reforma de mais de 50% dos professores que estão no activo e, pior, com a desistência de cerca de 10.000 professores da docência. As razões são óbvias: não há vagas perto de casa e, com família, é muito difícil ir viver para o cu de Judas ou ter despesas a dobrar; o salário é baixo; a profissão está desacreditada; a burocracia é um susto; a progressão na carreira está congelada; o excessivo número de alunos por turma afasta qualquer possibilidade de sucesso... Não há incentivos, nem apoios a quem vai trabalhar para uma cidade a três horas de caminho, pelo que nas universidades os cursos de Educação perderam 70% de alunos nos últimos vinte anos. É uma tragédia. E só me ocorre dizer que quem quer que venha a governar depois do dia 30 terá de olhar para esta situação com olhos de ver e obviamente mudar a agulha. Eu sou a favor de que sejam os estabelecimentos de ensino a contratar os professores e as pessoas possam concorrer para perto das suas casas, pois um professor deslocado não é um professor contente e nunca será um professor que possa passar a alegria de aprender aos seus alunos. E é preciso pagar melhor a quem tem a responsabilidade de transmitir informação e conhecimentos a milhares de crianças e jovens que são, afinal, os donos do futuro.