Pseudónimos
Quando era ainda universitária conheci um poeta mais velho que, ao saber pelo meu pai que eu escrevia, pediu que lhe mandasse alguns textos. A sua resposta foi gentil e estimulante (mesmo assim demorei anos a publicar) mas, entre as várias afirmações simpáticas, continha uma que não o era: dizia que o meu nome (Maria do Rosário) não era um bom nome literário – e que eu, no momento em que me decidisse a dar à estampa os meus textos, deveria escolher outro. Não foi que não quisesse seguir o conselho de alguém mais sábio; mas, como comecei a publicar pelos livros juvenis, pediram-me na editora que assinasse com o meu nome por ter sido professora e assim poder ser reconhecida pelos ex-alunos (ainda eram bastantes) – e acabei por pensar que fazia sentido. Quando publiquei o meu primeiro livro de poesia, tantos anos mais tarde, pareceu-me estranho ter dois nomes e mantive o do BI. Nunca gostei de ser Maria do Rosário, e um pseudónimo talvez me aliviasse dessa carga pesada; porém, quando olho para os Top de livros e descubro nomes como Raul Minh’Alma e Afonso Noite de Luar, começo a pensar que fiz bem... Já não haverá pseudónimos normais?