Reagir
A minha avó costumava dizer que «quem cala consente» – e a verdade é que quem não reclama raramente consegue alguma coisa; além disso, ficar calado perante o desastre pode ter efeitos nefastos – e, parafraseando Dante, há muitos lugares no Inferno para os que escolhem a neutralidade em tempo de crise. Sou, se quiserem, adepta das pessoas que reagem (tudo menos ficar calado) e, um dia destes, pus-me a pensar porque teria então a palavra «reaccionário» (que vem de «reacção») uma conotação e uma carga tão negativas. Usamos algumas expressões de forma tão natural desde novos que por vezes acabamos por não as questionar, mas neste caso eu era mesmo uma profunda ignorante, pois era bastante óbvio donde vinham os reaccionários, aqueles que reagiam e, apesar disso, eram ao mesmo tempo uns botas-de-elástico. Da Revolução Francesa, evidentemente: contra os que queriam Liberdade, Igualdade e Fraternidade (mas que também fizeram rolar muitas cabeças), reagiam os que preferiam tudo como estava antes – os conservadores. Assim se inventaram os reaccionários. Duram até hoje.