Redescobrir
Não sou muito de reler livros, sobretudo aqueles de que gostei muito, pois já apanhei uns baldes de água fria em releituras (num caso, a tradução era tão má que fiquei chocada por só o ter percebido tantos anos mais tarde). Por outro lado, tenho sempre tanta coisa para ler profissionalmente e tantos livros que vão saindo e me interessam que sobra pouco tempo para reler (mesmo que alguns clássicos lidos na adolescência ou nos primeiros anos de faculdade estejam sempre a chamar por mim das estantes). No entanto, para orientar as sessões do Próximo Capítulo, a comunidade de leitores da LeYa, reli O Nervo Óptico, de María Gainza, e descobri muitas pérolas que, das outras vezes, não tinha registado com a mesma atenção. Uma delas diz respeito a bibliotecas pessoais. Conta a história da visita da narradora a casa de uma amiga e a observação que faz das suas estantes «como um carteirista, lançando olhares furtivos». E continua: «sabia que o que estava a fazer era no fundo uma indiscrição, como remexer no armário dos remédios de uma casa de banho alheia. Não consigo evitá-lo, são ambos lugares que fornecem informação-chave sobre os seus donos.» Diz-me o que lês (e as drogas que consomes) e dir-te-ei quem és? Hum... Uma proposta muito interessante.
Como na semana passada se falou aqui de Stefan Zweig, hoje recomendo deste autor Novela de Xadrez, uma pequena pérola incrível.