Retratar o País
Começou por ser um convite da Fundação Francisco Manuel dos Santos ao fotógrafo Duarte Belo (que fotografa com a poesia do pai, Ruy, e a empatia da mãe, Teresa) para que, de certo modo, tirasse um retrato ao nosso Portugal. O livro teria um prefácio de Álvaro Domingues, geógrafo com reflexões importantes sobre as razões pelas quais o País é tão incrivelmente vetusto em tanta coisa, mas o prefaciador escreveu textos belíssimos sobre todas as fotografias que Duarte Belo lhe ia entregando e acabou por se tornar co-autor da obra que agora sai para os escaparates com o título Paisagem Portuguesa. O fotógrafo, segundo leio num artigo do jornal Público que deu origem a este post, dividiu o mapa de Portugal em rectângulos de 30 x 32 quilómetros e escolheu patra fotografar um lugar no interior de cada rectângulo que, no fundo, «caracterizasse o espaço natural que acolhe o povoamento». É por isso que Lisboa não está (é «o buraco negro» que absorve tudo à sua volta, segundo Álvaro Domingues) e que o território ora é representado pelo que dele já desapareceu (o pinhal de Leiria antes de arder, por exemplo), ora pela introdução de elementos modernizadores como os passadiços junto a rios e praias ou os parques eólicos. Vale de certeza a pena, vindo de quem vem, e será um belíssimo presente de Natal, até pelo preço módico que tem para uma edição desta natureza. Ver e ler.