Revisor privado
Estive recentemente no programa Encontros Imediatos, de João Gobern e Margarida Pinto Correia (para ser mais precisa, no sábado passado), a falar basicamente de mim e do meu trabalho; e, entre outras coisas, referi que com quem mais aprendi até chegar a editora foi com as pessoas que na altura era suposto chefiar, uma vez que o editor estava ausente e me cabia essa função interinamente: os revisores, os paginadores, as pessoas ligadas à produção dos livros. Penso que é fundamental passarmos por todos esses departamentos para percebermos realmente como se faz um livro, e ainda hoje estou grata por ter aprendido tanto. Outra coisa que mencionei é que, como autora, nunca dispensei um editor e um revisor (sobretudo antes de os computadores detectarem erros e gralhas); nem sempre foi o editor que me publicou os livros, porque antes dele já eu tinha consultado leitores «profissionais», nomeadamente o meu «mentor» (José Afonso Furtado) e dado os textos a rever a alguém de confiança. No blogue, para o qual escrevo sempre a correr, não me preocupo exageradamente, confesso, mas é só porque todas as manhãs sei que o meu querido Paulo Moreiras (autor de romances pícaros formidáveis) está a ler-me para os lados de Leiria e a detectar as gralhas e erros que deixei passar. Quando ligo o computador e vejo os e-mails, tenho quase sempre uma mensagem dele a avisar-me dessas distracções. É um luxo. Hoje presto-lhe homenagem, Paulo. Muito obrigada. É tão bom trocar de lugar com os autores de vez em quando.