Romances gráficos
Chamam-lhes «novelas gráficas», talvez influenciados por nuestros hermanos, pois em Espanha a palavra romance não está associada a um livro, mas ao relacionamento romântico, e a palavra escolhida para definir uma ficção romanesca lá é mesmo novela (como o inglês novel). Mas, seja romance ou novela, o género está claramente na moda, combinando um enredo profundo com um bom desenho, ou seja, não sendo o que a BD foi em tempos para os leitores preguiçosos (livro de quadradinhos), mas fazendo subir o nível literário (até já houve um romance gráfico finalista do Booker Prize). Encontrei vários romances gráficos de uma autora argentina chamada Agustina Guerrero numa livraria de Cádiz no ano passado e apaixonei-me por eles. Resolvi então comprar dois títulos, e o primeiro sai agora em Portugal. Chama-se A Viagem e trata realmente de uma viagem ao Japão de duas amigas íntimas e do que encontram de completamente diferente na cultura japonesa. Mas é sobretudo um livro sobre a amizade entre duas mulheres de trinta anos e sobre as suas ansiedades, alegrias e neuras (uma quer ter filhos e não consegue engravidar, a outra fez um aborto e está muito marcada pela decisão). Se ainda não aderiu ao género, esta é uma boa obra para começar.