Rosa e espinhos
Já aqui falei mais de uma vez da escritora e jornalista espanhola Rosa Montero, autora dessa pequena obra-prima que é A Louca da Casa, um livro magnífico sobre a imaginação. Recentemente, Rosa voltou a Portugal para falar do seu último livro cá publicado – A Ridícula Ideia de não Voltar a Ver-te –, um magnífico texto não ficcional sobre uma afinidade: a vida de Maria Curie e a sua, sobretudo desde que ambas perderam os maridos. Partindo da grande história da única mulher duas vezes nobelizada (e em categorias diferentes!) e de um seu pequeno diário escrito ao longo de um ano, na sequência da morte de Pierre Curie, Rosa Montero dá-nos a conhecer a cientista polaca que se tornaria francesa (a sua infância, a sua juventude, a sua garra, o seu trabalho de loucos) e, paralelamente, o que a une a si própria como mulher emancipada, trabalhadora, marginalizada, viúva. É um texto belíssimo do ponto de vista literário, mas também muito claro e informativo sobre uma mulher (ou duas) como há poucas. Lê-se de um fôlego, como um desses romances imparáveis, e mexe connosco a cada página, ao mesmo tempo deslumbrante e perturbador.