Salinger
Quase toda a gente conhece J. D. Salinger pelo seu famosíssimo romance À espera no Centeio e também por, apesar do seu sucesso, se ter retirado cedo do mundo da escrita. Um dia destes, tirei um livrinho dele da estante, publicado há muitos anos pela velhinha Quetzal, e li Carpinteiros, Levantem ao Alto o Pau de Bandeira, seguido de Seymour, Uma Introdução, duas pequenas novelas publicadas originalmente na revista New Yorker e só em 1963 saídas em livro. Trata-se de histórias da família Glass (de que há outras) contadas por um dos membros (Buddy, que se diz ser um alter ego do escritor) sobre o seu irmão mais velho, Seymour. A primeira decorre em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, quando Buddy está de licença para assistir ao casamento do irmão com a jovem e apaixonada Muriel, mas Seymour não aparece (há indícios de que é, de resto, algo desequilibrado pela leitura de excertos do seu diário e pelas estranhas atitudes relativamente à noiva e não só); a segunda fala do suicídio do mesmo Seymour já em 1948 (os índicos comprovam-se) e constitui uma espécie de apresentação da personagem feita por Buddy. Salinger influenciou gerações de escritores americanos, mas estas duas peças são mesmo diferentes de tudo o que li até hoje, e nem consigo dizer se gostei muito, achei-as estranhas, é um facto, mas isso não é necessariamente bom nem mau.