Se não viu, que visse
Não sei se sabem, mas foi sobretudo desde que apareceu na saga de Harry Potter uma bela escadaria vermelha que a Livraria Lello se tornou internacionalmente famosa. A autora, J. K. Rowling, tinha-se casado com um português e vivido alguns anos no Porto, pelo que todos pensaram que conhecia bem a livraria em causa e a tinha usado nas suas histórias. Fosse assim ou não, o que é certo é que, com o sucesso da série, a Lello passou a ser visitada por turistas de todo o mundo que queriam ver de perto a escadaria vermelha que o jovem feiticeiro subira nas suas aventuras. E ainda bem, porque assim, de caminho, viram uma das mais belas livrarias do mundo, se não a mais bela, e compraram livros (o que é sempre bom). No entanto, numa entrevista recente, a senhora Rowling disse que não conhecia a Livraria Lello: nunca lá tinha entrado nem sabia da sua existência quando vivia na Invicta, ou seja, não tinha sido a livraria a inspirar as suas aventuras. Um bocado feio, diria eu, e triste (porque se viveu no Porto e nunca deu pelo edifício devia ser cegueta ou muito desinteressada). Mais valia ter ficado calada, porque a livraria respondeu-lhe com estalada de luva branca na sua página de Facebook, reproduzida, de resto, como anúncio em muitos jornais do último fim-de-semana. Veja aqui, porque merece atenção. Não sei quem foi que a escreveu, mas vê-se que é de alguém culto e com espírito.
https://www.facebook.com/LivrariaLello/posts/1658565817640084?__tn__=K-R
Não recomendo Harry Potter, mas apenas porque nunca li (espero que mo perdoem), mas, para crescidos, se gostam de séries, têm O Quarteto de Alexandria, de Lawrence Durrell, uma teatralogia que foi reunida pela Dom Quixote num único volume (a minha edição era da Ulisseia).