Sena, rio de livros
Não falo do rio de Paris, falo do fulgurante rio de livros que foi o grande Jorge de Sena, de quem, no último sábado, se comemorou o centenário do nascimento. Escritor que tem ficado mais arredado das celebrações públicas do que seria desejável por este ser um ano dedicado a muitos outros escritores vivos e mortos (entre eles a Sophia por todos amada), mereceu mesmo assim o destaque de várias sessões dedicadas à sua obra e vai ter ainda, na recta final do ano, dois congressos que lhe serão dedicados, um em Lisboa e outro em Braga. Suspeito, porém, de que, ainda assim, é hoje um autor menos lido do que merecia, até porque é um dos mais versáteis e prolixos escritores portugueses (acho que foi o jornalista Luís Miguel Queirós que, no passado fim-de-semana, o comparou a Fernando Pessoa), tendo escrito poesia, romance, teatro, ensaio, tradução… Para os Extraordinários que ainda não lhe deitaram a mão, sugiro um dos maiores romances do século XX, Sinais de Fogo (de que Luís Filipe Rocha fez um excelente filme) e essa pequena maravilha que é O Físico Prodigioso, mas, claro, podia sugerir do mesmo modo os livros de contos, a poesia e até a correspondência. Afoguem-se neste rio.