Sete rosas mais tarde
É assim mesmo (Sete rosas mais tarde, roubado ao poema «Cristal», de Paul Celan) o nome de um ciclo dedicado à solidão que terá lugar no Centro Cultural de Belém durante este mês de Fevereiro e a primeira quinzena de Março. Partindo de textos literários e/ou dramáticos de Dostoévski (Confissões de Um Coração Ardente), Hermann Broch (A Criada Zerlina), Jorge Amado (Os Capitães da Areia) ou até a obra poética do já referido Celan (que será objecto de uma conferência de João Barrento, professor de literatura alemã e grande tradutor), a solidão promete tornar-se epidémica no bom sentido (já o é no mau, infelizmente, com meio mundo metido em casa a olhar para um ecrã e a falar com os «amigos» das redes sociais) e estender-se ao teatro (grandes encenações e interpretações no horizonte), à dança e à música (haverá ópera, música sinfónica e música de câmara – para todos os gostos). Tudo para nos sentirmos menos sozinhos, de certeza, e além disso para vermos como tantas formas de arte trataram o tema desta experiência radical e universal que é a solidão. (Gostei do título de uma performance chamada «Sozinhar» no dia 16 de Março.)