Todos sabemos que as redes sociais – sobretudo o Facebook, que é a mais frequentada (ou mal frequentada, sei lá; digo isto fazendo parte dela, evidentemente) – estão cheias de lixo que as pessoas partilham, crendo muitas vezes que estão a facultar aos «amigos» verdadeiras gemas ou pepitas. Porém, de vez em quando, também lá se encontram coisas mesmo boas, entre vídeos, fotografias e textos. Foi, de resto, do portal de um facebookiano amigo (já não me lembro qual, lamento) que rapinei uma carta que vos quero mostrar, um texto que, como agora se diz, se tornou viral e foi dos mais partilhados dos publicados no jornal El País do último mês. A carta foi escrita por um rapaz de dezassete anos que vai ter, pela primeira vez, a disciplina de Filosofia na escola e está obviamente entusiasmado com isso; mas, ao mesmo tempo, francamente desiludido com o facto de pertencer à última leva de estudantes que aprenderá filosofia no Secundário, pois parece que o Ministério da Educação em Espanha se encarregou de suprimir o estudo desta disciplina, reservando-o apenas a quem queira cursar Filosofia na universidade (os Governos autoritários não gostam que se ensine a pensar, já o sabemos). No entanto, em vez de me pôr aqui a descrever a carta, sugiro que consultem o link abaixo. Um rapaz de dezassete anos humanista já não é coisa que se encontre frequentemente e vale mesmo a pena ler o que escreve.
Hum ... por acaso não conheço o actual programa de filosofia, não ... conheci quele que me foi dado, ali por 1972 a 74 ...
No sexto ano era uma introdução à psicologia ... gostei bastante. Tive uma excelente professora que se chamava Tereza (creio) Galvão Teles. No 7º ano dávamos uma iniciação à filosofia e estudavam-se os grandes filósofos e correntes... a professora era a drª Maria dos Reis, uma mulher seca, masculinizada e pouco agradável... não me cativaram por aí além as aulas, mas a matéria sim, até porque naquela idade e época filosofia era uma coisa quase do outro Mundo ...
Os programas actuais desconheço... confesso, e em particular o de Espanha. Será essa a razão para a extinção da disciplina? Então mudem os programas, sei lá... Ali na Espanha, calhando os gajos do Livre serem governo, o programa se calhar passa a ser a filosofia vegan... unicamente claro, pois tem todas as respostas e será a única admissível!
Amigo António Luiz Pacheco, fui professor do ensino secundário de 1976 a 2012, ano em que saí, com fortíssima penalização, por me não rever naquilo em que o ensino, minha paixão de 36 anos, se tinha tornado. Três anos após a saída, não posso ainda expor publicamente o que vivi, nem dizer o que sei, nem divulgar os escritos íntimos do período final. Fica o orgulho legítimo de ter cumprido o meu dever e a saudade dos alunos e da profissão. JCC