Telepatia editorial
Esta é uma história de coincidências que agradaria ao Caderno Vermelho de Paul Auster e que aconteceu recentemente com o livro de Itamar Vieira Júnior, Torto Arado, vencedor do Prémio LeYa. Quando, em Novembro de 2018, começámos a preparar o livro, perguntei ao autor se tinha alguma ideia do que gostaria de ver na capa. Tratando-se de um romance que tem duas irmãs negras como protagonistas, Itamar enviou-me um grupo de fotografias de cariz etnográfico, entre as quais se inclui a que reproduzo aqui:
Não a usámos, até porque as mulheres eram muito mais velhas do que as personagens, optando por uma solução diferente. Entretanto, a editora Todavia, uma editora literária importante, comprou os direitos do livro para o publicar no Brasil. Recentemente, chegou a capa da edição brasileira e era esta aqui:
Pensei, claro, que tinham perguntado ao autor o que gostaria de ver na capa e que ele teria enviado as mesmas fotografias que mandou para mim; por sua vez, Itamar pensou que os editores da Todavia teriam falado comigo e que eu lhes teria passado as imagens. Mas nada disso aconteceu, na Todavia quem fez a capa fê-la sem saber de nada. É a isto que eu chamo telepatia editorial. Não é mesmo incrível? Magia da boa, como fica bem ao Brasil.